Resumo |
Os fungos nematófagos têm sido utilizados em estudos in vitro de controle biológico. Estes organismos chamados "comedores de helmintos" destacam-se pela sua disponibilidade e facilidade de manutenção em condições de laboratório. Neste contexto, cada vez mais pesquisas são realizadas sobre a produção de metabólitos primários, tais como as enzimas proteolíticas, que têm sido estudadas em ensaios biológicos da atividade nematicida. Angiostrongylus vasorum pode causar problemas para o hospedeiro definitivo (cães) e, eventualmente parasitar o homem. A literatura tem relatado alguns trabalhos que tiveram como objetivo buscar medidas alternativas, como o controle biológico, no combate da angiostrongilíase, na qual o cão atua como um reservatório e disseminador ambiental desses parasitas potencialmente zoonóticos. Neste contexto, há uma necessidade de estudos destinados a descobrir a ação de substâncias produzidas por estes fungos em ambientes que simulam o estado natural da infecção, por exemplo, fezes contaminadas, para que estes possam vir a serem usados no controle de larvas deste nematoide. Entre estas substâncias, destacam-se as proteases produzidas por fungos nematófagos. O objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade proteolítica do fungo Monacrosporium thaumasium(NF34a) sobre larvas de A. vasorum em coproculturas. O ensaio in vitro foi realizado da seguinte maneira: 5 ml de extrato bruto produzido por NF34a foram adicionados a coproculturas que constituíram o grupo tratado; o grupo controle foi constituído de coproculturas com apenas água destilada (5 ml). As coproculturas foram incubadas a 25 °C no escuro durante 8 dias. Após esse período, larvas de primeiro estágio (L1) de A. vasorum foram obtidas utilizando o método modificado de Baermann. Em seguida, os dados foram interpretados por análise de variância e da eficiência da destruição de L1 em relação aos grupos de controle foi avaliada pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade. Em seguida, o perfil proteolítico do extrato bruto do fungo nematófago M. thaumasium (NF34a) foi revelada por meio da realização de um zimograma, utilizando caseína como substrato. A ação da enzima pode ser observada pela formação de halos brancos. Ao final de oito dias de ensaio, demonstrou-se que o extrato bruto de NF34a foi eficaz na redução do número das L1 A. vasorum. Além disso, foi observada uma diferença estatisticamente significativa (p <0,01) entre as médias de larvas recuperadas do grupo tratado em comparação com o grupo controle, com um percentual de redução de 52,0%. O perfil proteolítico do extrato bruto produzido por NF34 foi revelado via zimograma, no qual foi observada a presença de um halo de digestão de caseína, revelando a presença de uma protease de aproximadamente 40 kDa. Os resultados deste trabalho demonstraram que a protease do fungo M. thaumasium destruiu as L1 de A. vasorum em coproculturas, mantendo a sua atividade mesmo em condições adversas. |