Ciência e Tecnologia: bases para o Desenvolvimento Social

20 a 25 de outubro de 2014

Trabalho 1968

ISSN 2237-9045
Instituição Universidade Federal de Minas Gerais
Nível Graduação
Modalidade Pesquisa
Área de conhecimento Ciências Humanas e Sociais
Área temática Lingüística e semiótica
Setor Departamento de Letras
Conclusão de bolsa Não
Primeiro autor Arthur Barretto de Almeida Costa
Orientador Maria Cândida Trindade Costa de Seabra
Outros membros Márcia Maria Duarte dos Santos
Título Poder, Língua e Cultura nos antropotopônimos em Minas Gerais (Sécs. XVIII a XXI)
Resumo A língua guarda marcas dos usos culturais aos quais é submetida. Uma das principais formas de se verificar esse fato é através da toponímia, ou seja, do estudo dos nomes de lugar: afinal, eles são elementos lingüísticos presentes no cotidiano das pessoas, e que são parte da história dos lugares. No presente trabalho, pretendemos mostrar como os Antropotopônimos (nomes de lugar os quais homenageiam uma pessoa) estão intimamente ligados à história de Minas Gerais, buscando analisar, sobretudo, dois momentos do desenvolvimento histórico do estado: o século XVIII (através de um conjunto de sete mapas) e a atualidade. No que tange o setecentos, recolhemos 28 nomes e os analisamos segundo o indivíduo homenageado, sua origem geográfica e profissão. Chegamos à conclusão de que nessa época, a escolha de antropotopônimos esteve ligada a duas motivações principais: 1. Havia um grupo de localidades cujos nomes lembravam os de bandeirantes, grandes mineradores e importantes sesmeiros, personagens do desbravamento e da construção do território do futuro estado. 2. Os nomes que homenageavam o rei ou seus familiares, buscando-se, com essas escolhas, obter vantagens junto à coroa. Várias cidades, inclusive, foram “honradas” com um nome régio para expressar o seu valor e fidelidade à coroa, como foi o caso da Vila do Carmo, que, ao se tornar a primeira cidade de Minas, passou a ser chamada de Mariana, em homenagem à rainha consorte da época. Já para a antropotoponímia atual, foram recolhidos 172 nomes (sendo estes apenas de sedes de municípios), tendo sido investigados, além dos precedentes dados, a época em que o nome atual foi escolhido, a maneira de escolha (lei estadual, municipal, mudança espontânea) e outras informações. Quanto às profissões, descobrimos que vários dos homenageados pertenciam às camadas superiores da sociedade, sendo quase 1/3 de políticos e quase 1/6 de profissionais liberais. Entretanto, personagens da história do município e de sua fundação também são importantes, concentrando quase 1⁄4 dos nomes. Também houve exceções, como os casos de homenageados indígenas, escravos e “vaqueiros”. Quase 40% dos homenageados nunca moraram nas cidades que levam seus nomes, o que denota uma possível imposição política dessas nomenclaturas; suspeita essa que é reforçada pelo fato de que quase metade das mudanças de nome para antropotopônimos ocorre quando da emancipação do município, e a maioria desses nomes novos são de políticos sem relação com a cidade, o que pode indicar que essas alterações provêm de conchavos políticos. Também encontramos que quase 2/3 dos nomes não são originais, mas alterações posteriores, a maioria tendo ocorrido entre a década de 30 e de 50, período de influência dos “coronéis” locais. Ademais, a concentração da maioria dos antropotopônimos está na Zona da Mata e Sul de Minas, áreas de maior força política nessas épocas. Portanto, pôde-se verificar que os nomes de lugar guardam estreita relação com as estruturas de poder locais.
Palavras-chave Toponímia, Língua e Cultura, Minas Gerais
Forma de apresentação..... Oral
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