Resumo |
Introdução: O aumento da permeabilidade intestinal e, em consequência, a ocorrência de endotoxemia metabólica são observadas na obesidade. Acredita-se que a ingestão de alimentos de alto(a) índice glicêmico/carga glicêmica esteja relacionada ao desenvolvimento da obesidade. Objetivo: Avaliar a relação entre índice glicêmico e carga glicêmica da dieta e endotoxemia metabólica em homens com excesso de peso. Metodologia: Foram recrutados homens com idade entre 18 e 50 anos e índice de massa corporal entre 27 e 34,9 kg/m2. Aplicou-se o questionário quantitativo de frequência alimentar para avaliar a ingestão alimentar habitual e estimou-se o índice glicêmico e a carga glicêmica da dieta. Para a avaliação antropométrica foram aferidos o peso, a estatura, o diâmetro abdominal sagital e as circunferências da cintura, do quadril, da coxa e do pescoço. A avaliação da composição corporal foi realizada por meio da Tanita, sendo aferidas a gordura corporal, massa magra, taxa de metabolismo basal e água corporal. Foram avaliados os níveis séricos de glicose, colesterol total e frações, triacilgliceróis, ácido úrico, insulina e lipopolissacarídeo (LPS). Calculou-se o índice Homeostasis Model Assessment of Insulin Resistance (HOMA-IR) para avaliação da resistência insulínica. A análise estatística foi realizada utilizando o software SigmaPlot, versão 11.0, adotando-se o nível de significância de 5% de probabilidade. Resultados: Os voluntários (n=74) incluídos no estudo apresentaram em média 27,2 ± 7,5 anos. O grupo de indivíduos que ingeriu dieta habitual de carga glicêmica superior à mediana (151,7) apresentou glicemia de jejum significativamente maior que o grupo com carga glicêmica inferior. Apesar de não haver diferença estatística entre os grupos, a concentração de LPS, a insulina, o índice HOMA-IR, o colesterol total e suas frações e os triacilgliceróis foram superiores entre aqueles indivíduos que consumiram uma dieta de maior carga glicêmica. A ingestão calórica, de macronutrientes, fibras, colesterol e sódio foram significativamente maiores entre aqueles que habitualmente consumiam dietas com carga glicêmica mais elevada. Além disso, tal grupo de indivíduos também apresentou valores superiores para índice glicêmico e carboidrato disponível, mas houve diferença estatística apenas para essa última variável. Conclusão: Os resultados deste estudo indicaram que a dieta habitualmente ingerida pela maioria dos participantes do estudo é inadequada em termos de índice glicêmico e carga glicêmica. O consumo de dietas de maior carga glicêmica se relacionou ao aumento da glicemia de jejum. Considerando tais resultados, torna-se necessário estimular o consumo de alimentos de baixo(a) índice glicêmico/carga glicêmica associado à ingestão de produtos integrais e menos processados nesta população. |