Resumo |
Introdução: o desequilíbrio do casco pode ser a causa de diversos tipos de claudicações, devido as diferentes sobrecargas que podem resultar na região distal dos membros. Objetivo: determinar se os cascos de equinos atendidos na casuística de um hospital veterinário se encontram equilibrados, independentemente da afecção apresentada durante o exame físico. Material e Métodos: os cascos foram avaliados macroscopicamente para determinar o seu equilíbrio, sendo mensurados ângulo do casco, altura dos talões (medial/lateral) e o comprimento da muralha. Adicionalmente, foram observados aspectos relacionados com a sua qualidade. Resultados: um total de 50 equinos foi incluído no estudo (19 fêmeas e 31 machos, sendo 22 garanhões e 9 castrados). A idade variou entre 1 e 18 anos (5,6±3,47) e foram de diferentes raças. Os animais eram utilizados como atletas, para passeio, reprodução, trabalho de campo, porém alguns não tinham atividade definida e outros estavam em início de doma. Dezenove apresentaram problemas locomotores, não relacionados diretamente com o casco. Os demais possuíam afecções do sistema digestório (n=5), respiratório (n=4), dermatológico (n=9), urogenital (n=10) e nervoso (n=1). Um animal apresentou infecção por Theileria equi e outro traumatismo no globo ocular. Somente 4/50 animais apresentaram todos os cascos equilibrados. Independentemente do sistema corporal afetado, o número de cascos em desequilíbrio superou o número de cascos em equilíbrio. Dos animais com cascos desequilibrados, 19 tinham histórico de claudicação. O comprimento da muralha variou de 6,0 a 12,4 cm (9,2±1,2 cm) e a altura dos talões de 2,3 a 7,9 cm e de 3,2 a 8,0 cm para o lateral e medial, respectivamente. Dos 200 cascos avaliados, 133 (66,5%) apresentavam talões (medial/lateral) nivelados, ou seja, com diferença de até 0,3 cm entre eles. O ângulo dos cascos foi de respectivamente 41 a 55 graus e de 41 a 58 graus nos membros torácicos (MTs) e pélvicos (MPs). Apenas 12 e 8 cascos apresentaram, respectivamente, simetria dos ângulos entre os MTs (direito/esquerdo) e MPs (direito/esquerdo). Além disso, 49 cascos (24,5%) apresentaram desvio medial ou lateral do ápice da ranilha, e em três cascos essa estrutura se encontrava em estado de putrefação. Adicionalmente, um equino apresentou dermovilite exsudativa crônica de ranilha. Com relação à qualidade do casco foi observado que a maioria dos animais apresentou cascos ressecados, com rachaduras e quebradiços, independentemente de estarem equilibrados. Conclusão: o ensaio experimental adotado no presente estudo demonstrou que os animais que chegam a um hospital veterinário raramente apresentam cascos em perfeito estado e em equilíbrio, e que esse aspecto é menos frequente em equinos atletas ou utilizado para passeio. |