Resumo |
A educação inclusiva dos alunos surdos é alvo de constantes discussões no cenário nacional e mundial. Isso porque, um aspecto a ser considerado é a falta de preparo da escola regular para recebê-los, principalmente pelo fato dos alunos surdos não compartilharem uma língua com seus colegas e professores. Privados de interações comunicativas os alunos surdos ficam em desigualdade linguística, social e educacional em relação aos alunos ouvintes. Tal problemática também é observada nas escolas inclusivas do município de Viçosa. Diante da questão, o objetivo do projeto foi propor ações que possibilitassem a aprendizagem da LIBRAS pela comunidade de uma escola inclusiva, a fim de permitir a comunicação e a interação entre surdos e ouvintes. Para atender a esse propósito, no período de fevereiro a julho de 2014, foram realizadas oficinas de LIBRAS aos alunos de uma escola do município de Viçosa que é polo para a educação inclusiva e conta com a presença de alunos surdos. As oficinas abarcaram o ensino da LIBRAS de maneira transversal em duas temáticas: uma referente à inclusão, cultura e diversidade linguística e outra referente à saúde e alimentação. Cada oficina teve duração de 1 hora e foi ofertada semanalmente para todas as turmas do ensino fundamental, do 1° ao 9° ano. As metodologias foram pensadas e elaboradas para atender aos interesses das diferentes faixas etárias dos alunos e envolveram atividades como jogos, brincadeiras, contação de histórias e discussões temáticas a partir de figuras, imagens e pequenos textos. Para as oficinas relacionadas à temática “Inclusão, cultura e diversidade linguística” foram utilizadas, por exemplo, fábulas e tirinhas produzidas por autores da Literatura Surda. Por meio desses textos foi possível abordar temas relativos à cultura surda, ao uso das tecnologias, ao papel do tradutor/intérprete de LIBRAS/ Língua Portuguesa e à identidade surda. Para a temática de “Saúde e Alimentação” foram desenvolvidas atividades como a elaboração de cardápios em LIBRAS e opções para as refeições da merenda escolar. Os resultados mostraram que o uso de atividades lúdicas e interativas contribuíam tanto para a aprendizagem da LIBRAS quanto para a discussão das temáticas propostas. O desenvolvimento das oficinas também possibilitou a interação dos professores nas atividades. Valendo-nos da colaboração do corpo docente foi possível usar da estrutura da escola para se criar um ambiente no qual a LIBRAS deixou de ser uma língua específica dos surdos para ser uma língua da comunidade escolar. As ações possibilitaram importantes transformações nessa comunidade como a desconstrução de possíveis preconceitos em relação à surdez, reconhecimento da LIBRAS como uma língua natural e respeito pela cultura e pela identidade surda. Visualiza-se que as ações do projeto sejam continuadas, pois são fundamentais para a formação de cidadãos preparados para o convívio com as diferenças. |