Resumo |
O presente trabalho é fruto do projeto de pesquisa “Pautas do movimento grevista 2011/2012: um novo modelo para educação?”, desenvolvido entre julho de 2013 e agosto de 2014. Através de uma análise sociológica, pretende-se construir um relato de como e porque se deu a greve dos docentes das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) a partir de março de 2012 e analisar como esse movimento se desenrolou na Universidade Federal de Viçosa (UFV). Para tanto, buscou-se compreender de forma mais ampla a história do sindicalismo docente brasileiro e sua relação com os movimentos grevistas nas últimas décadas. Procurou-se mapear as condições apontadas como motivadoras para o movimento grevista, a fim de traçar um panorama das reivindicações nacionais em torno da educação superior brasileira e assim compreender qual foi o contexto motivador do movimento estudado. Por fim, a partir da análise dos arquivos disponíveis na seção sindical que atende aos docentes da UFV – a qual é ligada ao Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior, ANDES/SN – a ASPUV- Andes/SN, procurou-se compreender a construção desse movimento na referida universidade, bem como de pautas locais específicas, que ajudam a caracterizar os anseios dos docentes aqui atuantes, bem como os problemas enfrentados localmente. Todo esse estudo se coloca frente à necessidade de construção de um quadro geral acerca da educação superior brasileira, contribuindo através da análise cuidadosa do que os movimentos diretamente ligados a ela apontam como problemático e/ou necessário para a construção de um modelo sólido de educação, que atenda as reais necessidades da população brasileira. Parte-se do pressuposto que os movimentos organizados como esse servem como termômetro para a situação do contexto em que se desenvolvem. Suas pautas são mais que expressão de um descontentamento ou de qualquer ambição, são demonstrativas de uma situação vivida e de uma busca por novos caminhos. Dessa forma, a análise do movimento docente que culmina na greve de 2012, mas tem início muito antes, é esclarecedora da posição dos diversos atores envolvidos no campo de tensões políticas e ideológicas que cercam a universidade pública brasileira, bem como dos planos que surgem para o futuro da mesma. |