Resumo |
O Porcine circovirus 2 (PCV-2) é considerado o principal patógeno da suinocultura mundial, gerando grandes perdas anuais. É um vírus pequeno, não envelopado de geometria icosaédrica T=1, com capsídeo viral formado pela proteína Cap, o produto do gene ORF2. O capsômero do PCV-2 consiste de 5 unidades de Cap, arranjadas em uma estrutura pentamérica. Estudos anteriores mostraram que o heparan sulfato atua como receptor desse patógeno na adesão celular. Visando compreender melhor seu mecanismo de infecção, estudos de ancoramentos moleculares, comparações entre diferentes cepas virais do PCV-2 e simulações de dinâmica molecular foram realizados afim de obter mais informações moleculares desse processo. Inicialmente, um banco de sequências do gene ORF2 foi construído e genotipado de acordo com a literatura. Três sequências-consenso foram criadas a partir das sequências agrupadas em cada grupamento genético obtido representando os genótipos PCV-2a, PCV-2b e PCV-2c. Após, modelos tridimensionais monoméricos e pentaméricos foram construídos a partir de cada sequência-consenso utilizando como molde o cristal do capsídeo do PCV-2 depositado no Protein Data Bank (PDB ID 3R0R). Posteriormente, a estrutura monomérica do heparan sulfato foi construída pelo programa GaussView 3.0, suas cargas atômicas foram calculadas pelo método CHELPG e sua geometria otimizada por cálculos quânticos do tipo DFT (B3LYP/6-31G*). Após, um ancoramento molecular foi realizado pelo programa Molegro Virtual Docker 5.0, utilizando o modelo PCV2Bpent. As poses com menor energia foram localizadas no mesmo bolso de ligação, realizando interações com os resíduos Arg59, Lys58, Cys108, Ser109, Asp115, Asp208, Glu210. Ainda, simulações de dinâmica molecular foram realizadas com os modelos dos capsômeros construídos previamente na presença e na ausência de íons sulfatos durante 50 ns à uma pressão de 1 bar e temperatura de 310 K. A presença de moléculas de sulfato se mostrou determinante para a estabilização do complexo PCV2Bpent, sugerindo que a ausência desses íons podem contribuir para a desmontagem do capsídeo viral após a penetração na célula do hospedeiro. Esses dados lançam novas informações sobre a patogenicidade diferencial das cepas do PCV-2, contribuindo para o entendimento da dinâmica de infecção desse patógeno. |