Resumo |
As Infraestruturas de Dados Espaciais (IDEs) constituem um conjunto integrado de tecnologias, políticas, arranjos institucionais e padrões técnicos destinados a facilitar a gestão, o compartilhamento e a utilização de dados geoespaciais, sendo fundamentais para promover a interoperabilidade entre sistemas e a efetividade da governança da geoinformação. Apesar dos avanços observados em nível federal e estadual, a adoção de IDEs por parte dos municípios brasileiros ainda enfrenta significativos obstáculos, como limitações tecnológicas, escassez de profissionais qualificados, ausência de diretrizes consolidadas e dificuldades operacionais. Com o objetivo de identificar boas práticas, tecnologias e padrões que possam orientar a construção e manutenção de IDEs em contextos municipais, este trabalho realizou uma revisão sistemática da literatura, abrangendo nove bases de dados reconhecidas na área da Computação, além do Google Scholar. O processo metodológico envolveu cinco etapas: definição das questões de pesquisa, elaboração das strings de busca, aplicação de critérios de inclusão e exclusão, seleção dos estudos relevantes e síntese dos dados extraídos. Foram analisadas 94 publicações, das quais 30 atenderam aos critérios estabelecidos e compuseram o corpo final da análise. Os resultados revelaram um consenso sobre a importância da padronização e do uso de metadados para assegurar a qualidade e a interoperabilidade das informações espaciais. Tecnologias como PostgreSQL/PostGIS, GeoServer, QGIS e GeoNetwork estão entre as mais adotadas nos estudos, assim como padrões como ISO 19115, Perfil MGB e e-PING, frequentemente mencionados como referenciais técnicos relevantes. Além disso, observou-se que o uso de softwares livres se destaca como a principal alternativa para reduzir custos e evitar a dependência de soluções proprietárias, sendo uma diretriz apoiada por políticas públicas nacionais. Entre os principais desafios identificados, destacam-se a heterogeneidade dos dados, a resistência à adoção de novas práticas, a ausência de modelos conceituais unificados e a necessidade de capacitação contínua dos profissionais envolvidos. Conclui-se que a implementação de IDEs em nível municipal requer não apenas a escolha adequada de tecnologias, mas também o fortalecimento institucional, a articulação entre diferentes atores públicos e a consolidação de estratégias e padrões que promovam a sustentabilidade e a interoperabilidade das soluções geoespaciais adotadas. |