Resumo |
As sempre-vivas são plantas herbáceas pertencentes a Comanthera subg. Comanthera (Eriocaulaceae), colhidas em áreas de ocorrência natural para a produção de artesanatos e buquês de flores secas. Como alternativa, alguns produtores buscam adequar o manejo para cultivo, o que exige maior compreensão dos atributos do solo e de sua microbiota. Muitas dessas plantas crescem em campos graminóides dos Campos Rupestres da Cadeia do Espinhaço, que possuem solos distróficos, arenosos ou hidromórficos e grande oscilação de umidade. Por isso, os processos microbianos são essenciais à nutrição das plantas. Em geral, esses solos apresentam pouca matéria orgânica, mesmo apresentando acúmulo evidente de resíduo vegetal em decomposição (RVD). Os solos e raízes das espécies botão-goiano (Bg, Paepalanthus niger e P. longibracteatus), brejeira (Br, Comanthera bisulcata) e p é-de-ouro (Po, Comanthera elegans) foram amostrados em maio de 2025 em áreas de cultivo da Fazenda Poções (Augusto Lima/MG) para determinar a porcentagem de RVD e de umidade, assim como a abundância de bactérias fixadoras de nitrogênio (BFN), e de microrganismos amonificadores (AMO), acidificadores (ACI) e solubilizadores de potássio (SolK) das raízes e solos. O RVD foi separado por peneiração em malha de 2 mm e pesado. Avaliou-se a umidade do solo pelo método gravimétrico. Grupos microbianos foram quantificados em meios de detecção dos diferentes grupos pelo método de Número Mais Provável. Normalidade e homocedasticidade dos dados foram avaliadas; seguindo a análise de variância e o teste SNK, considerando delineamento inteiramente ao acaso, com fatorial 3 (plantas) por 2 (áreas); e análise de correlação. A porcentagem de RVD variou entre 5 e 76 %, mas as médias não diferiram significativamente. A média geral de RVD nos solos foi 16,8 %. A umidade variou de 1 a 32 %, sendo as médias maiores nas áreas com crescimento de Bg, menores nas áreas de Po, e intermediárias em Br. A média de umidade dos solos das áreas foi 11,1 %. Observou correlação positiva moderada entre a porcentagem de RVD e a umidade (R = 0,62). As abundâncias dos grupos microbianos foram afetadas pela área de amostragem (BFN e SolK) e tipo de amostra (BFN, ACI e SolK). A maior abundância de BFN, ACI e SolK foi observada em sistema radicular, uma vez que a abundância de AMO no solo foi superada apenas pela média observada em Po. A abundância dos grupos microbianos apresentou baixa correlação com a porcentagem de RVD e com umidade, apenas SolK apresentou correlação negativa moderada (R = -0,69) com a umidade. Desta forma, observa-se que mais de 10 % da massa do solo de cultivo de sempre-vivas é resíduo vegetal em decomposição e que quanto mais resíduo, maior a umidade do solo. A abundância dos grupos microbianos pode ser afetada pela área de cultivo e umidade, mas a raiz é o fator que afeta positivamente a maior parte dos grupos microbianos. |