Resumo |
O uso de Inteligência Artificial Generativa (IAG) vem ganhando espaço em diversos setores, incluindo o serviço público, por sua capacidade de automatizar tarefas, otimizar rotinas e gerar conteúdos inéditos como textos, imagens, sons e códigos (Silva et al., 2021). Considerando a relevância do tema e o impacto da adoção tecnológica em ambientes organizacionais, esta pesquisa teve como objetivo analisar os fatores que influenciam a adoção e o uso da IAG por servidores públicos em atividades rotineiras. O estudo se baseou na Teoria da Difusão da Inovação (Rogers, 1983; Moore & Benbasat, 1991), que propõe que atributos como vantagem relativa, compatibilidade, complexidade, experimentabilidade e observabilidade afetam a adoção de novas tecnologias, com ênfase também em variáveis como imagem, uso voluntário e percepção de resultados. A pesquisa pode ser classificada como quantitativa e descritiva, com aplicação de um questionário estruturado a 187 servidores, entre técnicos administrativos e docentes de uma universidade federal localizada em Minas Gerais. As escalas utilizadas foram adaptadas do modelo teórico de Moore e Benbasat (1991). A análise dos dados foi conduzida por meio de testes de qui-quadrado, análise fatorial confirmatória e regressões múltiplas stepwise, utilizando o software JASP. Os resultados revelaram que os servidores se consideram pouco competentes no uso da IAG, e que os fatores vantagem relativa do uso, compatibilidade em relação ao serviço realizado e uso voluntário explicam 49,4% da percepção dos benefícios advindos dos resultados da utilização da tecnologia, sendo a vantagem relativa o fator com maior impacto. Em relação ao nível de uso da IAG, observou-se que compatibilidade e experimentabilidade explicam 63,7% da variância, com destaque para o efeito da compatibilidade, evidenciando que a percepção de alinhamento da tecnologia às rotinas e valores dos servidores é o principal determinante da adoção. Em relação a experimentabilidade, quanto maior essa possibilidade de “experimentar” a IAG, maior será a percepção positiva dos resultados do uso. Além disso, a percepção dos benefícios em relação aos resultados do uso contribuiu para explicar 25,7% da variação no nível de uso da IAG entre os respondentes, ou seja, quanto maior a percepção dos benefícios do uso, maior será o nível de uso da IAG. Os achados indicam que atributos como alinhamento da tecnologia às rotinas, liberdade para uso e oportunidades de experimentação favorecem a incorporação da IAG no setor público. Conclui-se que a Teoria da Difusão da Inovação é válida para compreender a adoção da IAG nesse contexto, e recomenda-se a formulação de estratégias institucionais que promovam capacitação contínua, evidenciem benefícios práticos da tecnologia e estimulem sua experimentação em diferentes esferas do serviço público, visando ampliar seu uso de forma consciente e eficiente. |