Resumo |
Introdução: Pessoas adeptas ao vegetarianismo seguem um padrão alimentar cujas fontes proteicas são de origem vegetal. A adesão por esta opção alimentar tem crescido continuamente, inclusive no ambiente universitário, o que impõe novas demandas aos serviços, especialmente no que diz respeito ao atendimento das particularidades nutricionais do grupo. Objetivo: Este estudo teve como objetivo caracterizar os estudantes e analisar a infraestrutura alimentar disponível na UFV-CRP para vegetarianos. Metodologia: A coleta de dados foi realizada ao longo do mês de abril de 2024, em duas etapas: 1) aplicação de questionário online e 2) entrevistas semiestruturadas com os responsáveis pela prestação de serviço de alimentação no Campus. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFV (CAAE 76003323.4.0000.5153). Resultado e Discussão: Participaram da pesquisa 15 indivíuos (81% dos usuários registrados no cadastro de vegetarianos do restaurante universitário-RU). A maioria dos respondentes são mulheres (80%), autodeclaradas brancas (80%), ovolactovegetarianas (80%) e com renda familiar compreendida entre 1 e 4 salários mínimos (53,2%). A instituição possui dois pontos principais de fornecimento de refeições: restaurante universitário (RU) e lanchonete, ambos terceirizados. O RU é percebido pelos estudantes como mais variado, considerando a própria natureza dos cardápios, embora apresente limitações quanto ao acesso em horários noturnos e nos finais de semana, em função da limitação no transporte entre o campus-cidade. Quanto ao estado nutricional, 60% apresentam, segundo o IMC, distrofia. Quase metade dos vegetarianos entrevistados (46,6%) relataram despreparo dos estabelecimentos para atendimento desse público. As principais queixas envolvem falta de criatividade, falhas no planejamento do serviço e o não atendimento das especificidades do vegetarianismo estrito, especialmente no cardápio da lanchonete. Na perspectiva dos prestadores de serviço, as orientações contratuais não priorizam o atendimento do vegetarianismo estrito, tendo em vista que permitem ingredientes como ovos e laticínios nas preparações. Conclusão: Os dados evidenciam a necessidade de melhor identificação das especificidades de grupos invisibilizados, permitindo maior cuidado e, consequentemente, a proteção da saúde alimentar e bem-estar dos estudantes. É preciso avançar no cumprimento das demandas do vegetarianismo estrito, principalmente nos espaços que oferecem refeições pequenas, como lanches. |