Resumo |
A região do Alto Paranaíba, em Minas Gerais, destaca-se pela vocação agrícola, pela diversidade produtiva e pelo dinamismo do setor agroindustrial. Apesar de sua relevância econômica, ainda são escassas as análises que investigam o perfil da força de trabalho local e os fatores que influenciam sua empregabilidade, especialmente no setor agrícola. Diante disso, este estudo tem como problema central compreender quais elementos explicam a recuperação do emprego agrícola na região, especialmente após a reversão da tendência de queda observada até 2017. A hipótese considerada é que a intensificação de políticas públicas voltadas ao meio rural tenha desempenhado papel relevante nesse processo. Assim, o objetivo foi analisar o perfil da mão de obra no Alto Paranaíba, considerando características demográficas, educacionais e setoriais da população economicamente ativa, além de mensurar os efeitos das políticas públicas sobre a geração de empregos formais no setor agrícola. Para isso, utilizou-se a metodologia de Diferenças em Diferenças (Dif-in-Dif), que permite estimar o impacto de uma intervenção ao comparar a evolução de dois grupos ao longo do tempo: o grupo de tratamento (microrregiões do Alto Paranaíba) e o grupo de controle (Triângulo Mineiro). A análise baseou-se em dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Censo Agropecuário e de fontes institucionais. Os resultados apontaram um impacto positivo e estatisticamente significativo no emprego agrícola após 2017, com a criação de 14.310 novos postos de trabalho nas microrregiões tratadas. Observou-se também avanço na escolaridade, com o percentual de trabalhadores com ensino médio completo passando de 41,24% em 2012 para 56,08% em 2022. Embora o número absoluto de trabalhadores com ensino superior tenha aumentado, sua participação percentual permaneceu praticamente estável, indicando desafios na transição para níveis mais altos de qualificação. Em relação ao perfil etário, a faixa entre 30 e 39 anos se manteve como a mais expressiva, seguida pelas faixas de 40 a 49 e 50 a 64 anos, o que revela o envelhecimento da força de trabalho. A presença feminina também cresceu: a participação das mulheres passou de 38,8% em 2012 para 42,6% em 2022, com aumento de aproximadamente 46,5% no número total de trabalhadoras. Em relação à remuneração, observou-se que aproximadamente 74% dos trabalhadores recebiam até três salários-mínimos em 2023, com a maior concentração na faixa entre 1,01 e 1,50 salários. Conclui-se que as políticas públicas até 2017 contribuíram para a retomada do emprego agrícola formal no Alto Paranaíba, sobretudo em regiões com maior estrutura produtiva. Ainda assim, persistem desigualdades e desafios como baixa remuneração e qualificação limitada. Por isso, recomenda-se que políticas futuras unam estímulos à produção, capacitação da mão de obra e valorização do trabalho rural, visando um desenvolvimento mais equilibrado. |