Resumo |
Manguezais são ecossistemas costeiros caracterizados por árvores e arbustos tolerantes ao sal, que crescem geralmente em áreas entre marés. Já os Sambaquis, referem-se a montes de conchas encontrados ao longo da costa do Brasil, sendo sítios arqueológicos que podem conter restos de caça e artefatos. Objetivou-se, com este estudo, caracterizar a anatomia e a micromorfometria foliar de Laguncularia racemosa C.F.Gaertn., Rhizophora mangle L. e Talipariti pernambucense (Arruda) Bovini, que ocorrem naturalmente em manguezais e sambaquis, no litoral do Paraná. As coletas de amostras foliares expandidas foram realizadas em três áreas de cada ambiente, sendo três indivíduos por espécie. O voucher de cada espécie será depositado no Herbário RFFP (RJ). As folhas foram fixadas em FAA 50%, armazenadas em álcool 70%, posteriormente desidratadas em série etílica crescente e incluídas em historesina. Em seguida, realizaram-se cortes transversais em micrótomo rotativo de avanço automático, a 8 micrômetros de espessura, os quais foram corados com Azul de Toluidina e montados em lâminas com Permount. Para a análise micromorfométrica, foram fotografados três cortes e três campos de cada corte, realizando-se três medições por campo. As variáveis mensuradas foram: a espessura da cutícula; da epiderme da face adaxial (EAD) e da abaxial (EAB); da camada subepidérmica; do mesofilo e a espessura total do limbo, utilizando-se o software ImageJ. A análise estatística (ANOVA) foi realizada no software SpeedStat e, o teste de Tukey, ao nível de 5% de significância. As espécies apresentam cutícula espessa e epiderme unisseriada, com variações na morfologia celular: L. racemosa apresenta células alongadas na EAD e circulares na EAB; R. mangle apresenta células da epiderme isodiamétricas e T. pernambucense, células retangulares, nas duas faces. Glândulas de sal foram observadas em ambas as faces de L. racemosa e apenas na EAB de R. mangle, enquanto T. pernambucense apresenta tricomas tectores e glandulares. O mesofilo é dorsiventral, os feixes vasculares são colaterais, e idioblastos com drusas foram observados em todas as espécies. Foram observadas diferenças na espessura dos tecidos foliares entre os indivíduos de L. racemosa e R. mangle, mas não em T. pernambucense para os dois ambientes. A cutícula da EAD de L. racemosa é mais espessa nos indivíduos do sambaqui, no entanto, a espessura da EAD é maior nos indivíduos de mangue. R. mangle apresenta a espessura dos tecidos foliares maiores nos indivíduos de mangue quando comparados aos indivíduos de sambaquis. Os resultados indicam plasticidade anatômica foliar nas espécies analisadas, associada a diferenças entre os ambientes, e reforçam a importância da conservação de manguezais e sambaquis no litoral paranaense. |