Resumo |
A mosca-branca Bemisia tabaci é uma praga polífaga, se alimentando de hortaliças, plantas ornamentais, grandes culturas e plantas daninhas, podendo causar danos diretos e indiretos em suas hospedeiras. A presença da praga em plantas daninhas por ela preferidas, principalmente na entressafra, potencializa a chance de aumento da sua densidade populacional nos cultivos sucessores, causando sérios problemas no controle do inseto. Uma estratégia de controle de pragas é o uso da resistência de plantas, que por meio de substâncias tóxicas, repelentes e/ou estruturas que dificultam a digestibilidade dos tecidos e oviposição impedem o pleno estabelecimento e desenvolvimento das pragas. Neste sentido, uma potencial barreira ao ataque e alimentação da praga é a presença de cristais de oxalato de cálcio nas células de folhas das plantas hospedeiras, uma vez que estes estão relacionados à defesa de plantas contra a alimentação de diversos insetos fitófagos. Objetivou-se verificar se a presença de oxalato de cálcio nas células de folhas das plantas daninhas afetam a população de B. tabaci. O experimento foi conduzido em casa de vegetação e o delineamento experimental foi em blocos casualizados, com cinco tratamentos (fedegosa, maria-pretinha, joá-de-capote, picão-preto e repolho) e quatro repetições. Foram avaliados aos 7, 14, 21 e 28 dias após a infestação (DAI) o número de adultos, ovos e ninfas da mosca-branca, a altura das plantas e o número de folhas. Foram confeccionadas lâminas foliares de todos os tratamentos para análise da interferência da presença de cristais de oxalato de cálcio na preferência da praga. A maior ocorrência do inseto foi verificada no repolho em todas as fases e épocas avaliadas. Entretanto, nas fases adulta e ninfa houve um relevante número de insetos nas plantas daninhas, principalmente na maria-pretinha, seguida pelo picão-preto e o joá-de-capote. A preferência da praga pela maria-pretinha e picão-preto coincidiram com a ausência de cristais de oxalato de cálcio nas células das folhas. Também não foram verificados os mesmos cristais nas lâminas de repolho, possibilitando afirmar que a presença de cristais de oxalato de cálcio interfere na preferência da praga ao hospedeiro. A altura de plantas e o número de folhas permitem inferir uma provável redução das partes vegetativas das plantas hospedeiras quando atacadas pela praga. Conclui-se que a presença de oxalato de cálcio em folhas de fedegosa, joá-de-capote e caruru-de-mancha reduziram a população de B. tabaci. |