Resumo |
A moradia é um direito garantido legalmente tanto na Constituição Federal Brasileira, em seu art. 6º quanto na Declaração Universal dos Direitos Humanos no art. 25. Com o intuito de minimizar o déficit habitacional, diversas políticas públicas habitacionais foram elaboradas ao longo da história brasileira, como o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), iniciado em 2009. Essas medidas repercutiram no setor da construção civil, contribuindo para criação de novos empregos, elevação da taxa de produto e de renda. Visto a relevância do setor da construção civil no cenário brasileiro, buscou-se de forma geral analisar o desempenho das empresas do setor da construção civil (construtoras de edifícios residenciais, condomínios horizontais e incorporações) que fazem parte do mercado de capital aberto brasileiro, operando na BM&FBOVESPA, no período de 2007 a 2014. De maneira específica buscou-se descrever as políticas públicas habitacionais mais relevantes; verificar o desempenho econômico-financeiro das empresas analisadas por meio da análise de índices; identificar os determinantes do desempenho das empresas do setor da construção civil, considerando indicadores financeiros e variáveis macroeconômicas. Quanto ao método, utilizou-se o Modelo de Dados em Painel, visando identificar os determinantes da Rentabilidade do Ativo (ROA) das empresas analisadas. A variável SELIC não foi significativa. Porém, seu coeficiente negativo retratou a lógica do mercado: a elevação dos juros diminui a rentabilidade das empresas. A variável Endividamento a Longo Prazo defasada apresentou sinal positivo, demonstrando assim, que rentabilidade do ativo e endividamento a longo prazo são diretamente proporcionais. O IVG-R, indicador que cataloga o valor das garantias dos empréstimos nas concessões de imóveis e utilizado como proxy para o acesso ao crédito imobiliário, apresentou sinal positivo, indicando que quanto maior o acesso ao crédito imobiliário maior a rentabilidade das empresas analisadas. Os resultados também demonstraram que os dois principais programas analisados no estudo (Programa de Aceleração do Crescimento e Programa Minha Casa Minha Vida) contribuíram para o desempenho econômico-financeiro das empresas. Perante a crise de 2008, o setor da construção civil ainda manteve-se em crescimento e somente em 2014 começou a sentir tais efeitos. Neste mesmo ano, a maioria das empresas apresentou uma queda significativa nos resultados, em relação ao ano anterior, o que pode ser justificado pelo baixo resultado do PIB, elevação da taxa Selic e deserção de recursos da poupança, fonte predominante nos financiamentos de moradias. Dessa maneira, observa-se que a ação governamental e os fatores macroeconômicos exercem forte interferência no desempenho das empresas do setor da construção civil, seja criando novas políticas públicas que estimulam o setor, seja por meio de ações reguladoras do Estado para controlar a economia. |