Resumo |
Equiparadas a instituições financeiras, as cooperativas de crédito atuam na intermediação financeira, porém com objetivos diferentes dos bancos, pois visam proporcionar assistência financeira a seus cooperados. Estes, além de usuários são também seus “sócios-proprietários”; logo, sua eficiência está mais ligada ao alcance dos objetivos deste do que com a acumulação de resultados. Dessa forma, as cooperativas contribuem com a eficácia social, e por isso recentemente tem sido alvo de políticas de estabilização do Sistema Nacional Financeiro que visam sua expansão, dentre elas a mudança do crédito restritivo a livre admissão. Contudo, essa popularização do crédito pode trazer aumento no risco de crédito. A presente pesquisa objetivou avaliar o impacto da livre admissão sobre os contratos de crédito de uma cooperativa de crédito da região do Alto Paranaíba/MG, no período de 2004 a 2010. Especificamente buscou-se descrever o perfil dos tomadores de crédito antes e após a livre admissão; identificar os impactos da livre admissão sobre os contratos de crédito; avaliar os contratos de crédito antes e após a livre admissão e classificá-los como adimplentes e inadimplentes. Para tanto foi utilizada uma abordagem metodológica quantitativo-descritiva. A coleta de dados ocorreu através do acesso aos dados cadastrais dos cooperados e de 7262 contratos de crédito do período de 2004 a 2010, fornecidos pela própria cooperativa. Para análise dos dados optou-se por regressão logística do modelo Logit. Verificou-se que o quadro de cooperados continua predominantemente composto por produtores agropecuários, homens, casados, com ensino fundamental completo, na faixa etária de 38 a 58 anos, que se relaciona com a cooperativa a mais de seis anos; mesmo assim, notou-se uma expansão dos associados. Quanto aos contratos, constatou-se que também não sofreram grandes alterações, destacando-se as modalidades de financiamentos rurais e empréstimos, no valor de até R$ 60.000,00. Quanto a determinação do risco de crédito poucas variáveis mostraram-se significativas: o aumento da idade do cooperado reduz a probabilidade de inadimplência; já o aumento do tempo de relacionamento aumenta a probabilidade de se tornar inadimplente; o aumento de cooperados divorciados em relação aos solteiros aumenta a probabilidade de inadimplência; das variáveis associadas à escolaridade dos cooperados, somente o grau de escolaridade quarta série até ensino fundamental foram significativas para explicar a inadimplência. Quanto aos contratos de crédito verificou-se que os resultados associam a inadimplência principalmente aos empréstimos. Contudo, diferentemente do esperado, constatou-se que os cooperados que se associaram à cooperativa depois da livre admissão, apresentaram menor probabilidade de inadimplência. |