Resumo |
Schinus molle é uma árvore da família Anacardiaceae, nativa da América do Sul, mas encontrada em muitas áreas tropicais e subtropicais. No Brasil, ocorre desde o Rio Grande do Sul até Minas Gerais e é, geralmente, empregada em paisagismo ou arborização de ruas. Apresenta elevado teor de óleo essencial e sua composição química consiste principalmente de hidrocarbonetos monoterpênicos, alguns sesquiterpenos e fenóis, os quais são os principais responsáveis por várias atividades desta planta, especialmente bactericida, fungicida e repelente. Devido essas propriedades antimicrobianas, o uso de óleos essenciais nas indústrias farmacêuticas, alimentícia e agrícola, de forma controlada, tem se difundido como alternativa aos produtos sintéticos por serem menos nocivos ao homem e ao meio ambiente. O objetivo deste trabalho foi identificar e quantificar os principais constituintes presentes no óleo essencial das folhas S. molle, coletadas em períodos diferentes do ano, avaliar o efeito sazonal na composição química e sua atividade biológica. Os óleos essenciais foram extraídos em aparelho Clevenger, a identificação dos componentes químicos dos óleos foi realizada por cromatografia gasosa acoplada a um espectrômetro de massas. Observou-se uma variação na composição química em função das diferentes épocas do ano em que foram realizadas as extrações. Os componentes majoritários encontrados nas extrações realizadas desde janeiro a abril de 2014 foram em média: sabineno (16,17%), germancreno B (14,28%) e α-pineno (11,68%), enquanto na extração realizada no mês de novembro de 2013 foram: τ-cadinol (18,01%), germancreno B (16,19%) e β-cariofileno (9,35%). Nos ensaios antimicrobianos, utilizando o teste de difusão de disco em meio sólido, os óleos essenciais, extraídos em 2013 e 2014, e estreptomicina apresentaram, respectivamente, inibição sobre as bactérias gram-negativas Escherichia coli (1,1; 0,7 e 3,5 cm) e Serratia marcescens (0,6; 0,6 e 2,4 cm), gram-positivas Bacillus subtilis (1,1; 1,0 e 4,4 cm) e Bacillus cereus (0,8; 0,8 e 2,5 cm). Estreptomicina foi utilizada como controle positivo. Utilizou-se água como controle negativo, com halo de 0,6 cm em todos os micro-organismos. Os óleos de 2013 e 2014 apresentaram atividade antifúngica, determinada através da técnica “poison food” em BDA, sobre os Aspergillus niger (62% e 46%, respectivamente) e Penicillium expansum (62% e 39%, respectivamente) após 120h. No teste de fitotoxicidade, realizado em placa de Petri contendo solução aquosa a 0,5% de óleo, observou-se redução do crescimento radicular da monocotiledônea Sorghum bicolor (22,2%) e da dicotiledônea Cucumis sativus (3,8%). O óleo extraído em 2013 foi mais eficaz na inibição dos microrganismos. Considerando os resultados obtidos o óleo essencial de S. molle apresenta potencial para o desenvolvimento de um produto fungicida. |