Resumo |
Em condições naturais, as orquídeas se associam com fungos endofíticos. Dentre os mais estudados, temos os micorrízicos rizoctonióides, os quais participam da germinação das sementes, possibilitando o desenvolvimento do embrião à planta adulta. Desta forma, a infecção e colonização por um fungo micorrízico é obrigatória. Objetivou-se com este trabalho caracterizar morfologicamente fungos endofíticos de Sophronitis brevipedunculata, Grobya sp. e Pleorothallis teres e verificar a compatibilidade desses com sementes de Epidendrum difforme, S. brevipedunculata e Grobya sp. Seis fungos endofíticos (SC1O, SC2O, SC5K, SC6N, SC6R e SC9O) foram caracterizados culturalmente em meio Batata Dextrose Agar (BDA- HIMEDIA). SC6N e SC6R assemelharam quanto suas características culturais (colônia creme com aspecto liso), produziram células monilióides e apresentaram outras características típicas de Rhizoctonia. SC1O, SC2O, SC5K e SC9O apresentaram coloração branca e aspecto aveludado. SC1O, SC2O e SC9O apresentaram micélio aéreo abundante. As hifas de SC2O e SC9O ramificam em 90°, com constrição na base da ramificação. Os fungos foram coinoculados com sementes previamente desinfestadas (10 min em hipoclorito de sódio 20%, lavadas três vezes em água estéril), em placas de Petri com três repartições, contendo Meio Aveia (MA: 4g/L Aveia; 7,5g/L Ágar; água destilada a pH 5,6). Cada repartição da placa recebeu 300µL da suspensão de sementes das diferentes orquídeas. Foram feitas sete repetições por fungo e do controle sem fungo. Após 18 dias da montagem do experimento, observou-se o início da germinação de sementes de S. brevipedunculata na presença de SC2O, SC6N, SC5K e SC6R. Enquanto que na presença de SC9O, iniciou a germinação das sementes de E. difforme e S. brevipedunculata. Aos 25 dias, observou-se a germinação de sementes S. brevipedunculata na presença de todos os isolados, sendo que 60% das sementes germinaram na presença de SC6N. Aproximadamente 23% das sementes de S. brevipedunculata intumesceram no controle, mas sem formação de rizóide. Em torno de 18% das sementes de E. difforme e Grobya sp germinaram na presença de SC9O e SC6N, respectivamente. Aos 49 dias observou-se protocormos de S. brevipedunculata no estágio 2 (embrião desenvolve até ocorrer o rompimento da testa) na presença de SC6N e SC6R (44,33 e 27,33, respectivamente). Após 74 dias, constatou-se protocormos de S. brevipedunculata no estágio 2 na presença de todos isolados e no controle, sendo que no tratamento SC6N as porcentagens foram maiores. Os resultados confirmam que as orquídeas não respondem da mesma forma aos diferentes isolados e que os fungos podem germinar sementes de orquídeas não hospedeiras. Desta forma, faz-se necessário testes de coinoculação de sementes de orquídeas com diferentes fungos endofíticos para seleção de isolados com potencial aplicação na propagação de orquídeas. |