Resumo |
Os déficits cognitivos são considerados manifestações psicológicas associadas a algum comprometimento funcional, resultante de disfunção biológica, social, psicológica, genética, física ou química. Esses comprometimentos podem contribuir para alterações do estado nutricional, uma vez que alguns levam ao crescimento físico lento e consequente rápido incremento ponderal. Desordens nutricionais como essa na infância podem acarretar potenciais riscos de agravos à saúde quando adultos. A execução de ações educativas voltadas à promoção da alimentação saudável com portadores de deficiências mentais tem papel fundamental no processo de transformação, recuperação e promoção de hábitos saudáveis. Isso porque, tais atividades trazem novos e importantes conhecimentos para a escolha e tomada de decisões desse público, tendo em vista a melhora do estado nutricional e de saúde. Sendo assim, o presente estudo teve por objetivo avaliar a influência da educação nutricional sobre o conhecimento de crianças e adolescentes portadores de deficiências cognitivas acerca da alimentação saudável. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFV. Participaram do estudo 23 voluntários de 6 a 14 anos, de ambos os sexos, portadores de deficiências cognitivas, vinculados a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) do município de Rio Paranaíba, MG. Inicialmente, foi aplicado um questionário aos responsáveis para avaliação das condições socioeconômicas das crianças e dos adolescentes que aceitaram participar da pesquisa. Foram realizados 7 oficinas com duração de 1 (uma) hora cada, sendo abordados temas relacionados a alimentação saudável. Para a educação nutricional, foram empregadas dinâmicas em grupo fazendo uso de recursos didático-pedagógicos desenvolvidos para o estudo, os quais incluíram: jogo da memória, dominó, pirâmide alimentar, álbum seriado, teatro, semáforo da alimentação. Após cada oficina foi aplicado um questionário simplificado para avaliar o efeito das atividades educativas no conhecimento dos voluntários. Dos avaliados 60,9% (n = 14) eram do sexo masculino e a mediana de idade foi de 9,5 anos (7,0-14,0) no sexo feminino e 11,0 (6,0-13,0) no sexo masculino. A renda familiar média encontrada foi ≤ 2 ½ salários mínimos e as mães de 56,5% dos avaliados apresentavam baixa escolaridade. As estratégias educativas apresentaram seguintes percentuais de acertos: jogo da memória, semáforo e vídeo animado (100%), seguidos por dominó e teatro (91,3%), álbum seriado (82,6%), elaboração pratos saudáveis e pirâmide alimentar (65,2%). Tais valores permitiram inferir que quanto mais interativas e lúdicas as dinâmicas, melhor a compreensão dos voluntários. Assim, o conhecimento de crianças e adolescentes com déficits cognitivos sobre alimentação saudável pode ser estimulado por meio da educação nutricional. Em longo prazo, espera-se que essas ações possam ser estratégias eficazes para a promoção de hábitos alimentares saudáveis. |