Resumo |
A família Asteraceae compreende cerca de 24.000 - 30.000 espécies, pertencentes a 1.600 - 1.700 gêneros, distribuídos em 12 subfamílias e 43 tribos. No Brasil estima-se que ocorram 2035 espécies de Compostas, incluídas em 276 gêneros. A tribo Vernonieae possui distribuição pantropical e é considerada a quinta maior tribo de Asteraceae com 126 gêneros e aproximadamente 1.500 espécies no mundo. Diante da ausência de trabalhos florísticos na região do Alto Paranaíba e diante da representatividade da família Asteraceae, objetivou-se realizar o levantamento e tratamento taxonômico das espécies pertencentes à tribo Vernonieae no município de Rio Paranaíba. O levantamento florístico foi realizado entre agosto de 2011 e junho de 2014, por meio de coletas quinzenais em diferentes fragmentos de Cerrado. Os materiais botânicos foram herborizados seguindo as técnicas convencionais. Para o tratamento taxonômico confeccionou-se uma chave de identificação a nível específico, descrições, material examinado, distribuição geográfica, comentários, fenologia e pranchas de fotos. Foram amostradas 44 espécies, incluídas em 12 gêneros. Os gêneros mais representativos foram Lessingianthus Cass. (15 spp.) e Vernonanthura H.Rob. (7 spp.). Os demais foram representados por Lepidaploa (Cass.) Cass. (5 spp.), Elephantopus L. (4 spp.), Chresta Vell. ex DC. (3 spp.), Cyrtocymura H.Rob., Piptocarpha R.Br. e Stenocephalum Sch.Bip. com 2 espécies cada, Chrysolaena H.Rob., Echinocoryne H.Rob. e Eremanthus Less. com 1 espécie cada. Em relação à distribuição geográfica 42 espécies são nativas do Brasil e 29 endêmicas deste. Para o Cerrado foram encontradas 32 espécies endêmicas, sendo Vernonanthura piresii (H.Rob.) H.Rob. uma nova ocorrência para este domínio fitogeográfico. Lessingianthus westermanii (Ekman & Dusén ex Malme) H.Rob. e V. piresii correspondem a novas ocorrências para Minas Gerais. As espécies Lepidaploa psilostachya (DC.) H.Rob., Lessingianthus bakerianus Dematt., L. westermanii e V. piresii podem ser consideradas espécies raras devido aos poucos registros de coletas, para a última espécie, era conhecido apenas a coleta tipo. Rio Paranaíba apresentou 7 espécies de Vernonieae ameaçadas de extinção: Chresta pycnocephala DC., Chresta sphaerocephala DC., Elephantopus biflorus Sch.Bip., Lessingianthus irwinii (G.M. Barroso) H.Rob. e Lessingianthus zuccarianus (Mart. ex DC.) H.Rob. estão classificados na categoria VU (vulnerável), enquanto, Chresta scapigera (Less.) Gardner e L. westermanii na categoria EN (em perigo). Todos esses dados reforçam a grande importância dos inventários florísticos e estudos taxonômicos para subsidiar futuras estratégias de conservação, principalmente no Cerrado, considerado um dos 25 “hotspots” para a conservação do planeta. Existe uma grande preocupação quanto à flora de Rio Paranaíba, em razão, da rápida perda de vegetação nativa versus a riqueza encontrada para o município, sendo os trabalhos de cunho taxonômicos emergências para região. |