Resumo |
O agronegócio na região do Alto Paranaíba–MG caracteriza-se pela experiência do Programa de Assentamento Dirigido do Alto Paranaíba(PADAP), o primeiro programa integrado, voltado para a ocupação produtiva do cerrado mineiro, que possibilitou o acesso à terra, para imigrantes e filhos de imigrantes japoneses, selecionados pela Cooperativa Agrícola de Cotia(CAC). Nesse contexto, referente ao assentamento, surgiram agrupamentos de indivíduos, que constituem uma etnia e criam redes de relações sociais. Essas relações são denominadas por Colemam de capital social e referem-se a recursos para a ação que não estão presentes nos indivíduos isoladamente, nem nos meios de produção, mas situam-se na estrutura relacional que se instaura entre dois ou mais agentes. Sendo assim, o presente trabalho propõe, em sentido lato, o estudo da importância do empreendedorismo e do empreendedorismo compartilhado com capital social nas origens e desenvolvimentos do agronegócio cooperativo do Alto Paranaíba e no sentido estrito a investigação da relevância da variável empreendedora no desempenho econômico dos principais produtores do programa. Dentro do recorte metodológico, a pesquisa foi definida por natureza qualitativa e quantitativa, sendo utilizados dados históricos e de entrevistas semiestruturada. Para chegar aos resultados a respeito do capital social foram realizadas 4 entrevistas semiestruturadas e para a análise das características empreendedoras foram aplicados 13 questionários embasados em elaborações de David McClelland, incluídas questões de caráter socioeconômico, voltadas para a realidade da região. A partir da análise observamos que quando chegaram à região do Alto Paranaíba os japoneses e descendentes se auxiliaram mutuamente, buscando redes de cooperação para superar as dificuldades. Deste modo, o médio produtor do PADAP que sozinho é fraco, unido se fortalece. A partir disso, percebemos que fatores culturais moldaram uma ética de trabalho e negócios que colaborou para que esses produtores obtivessem sucesso na região. Nos questionários de McClelland os mais prósperos em tamanho do patrimônio, produtividade e volume produzido, pontuaram mais nas questões relativas à características esforço pessoal, insistência, persistência, intolerância ao serviço mal feito. Segundo o teste de MacClelland, os japoneses considerados são muito empreendedores alcançando 77,2% da pontuação. Quanto às variáveis comportamentais de McClelland, os empresários do PADAP que mais prosperam, correm mais riscos não calculados que os pequenos e destacam-se significativamente quando o assunto é fidelidade, eficiência e qualidade do produto. A presença de capital social tornou possível experiências de unificação de plantios, de maquinário e transporte de empresas familiares que se tornaram multifamiliares, formando grupos de sociedade em comum. Trata-se de uma modalidade de inovação organizacional. |