Resumo |
O teste de progênies é um dos delineadores mais utilizados em programas de melhoramento da soja. Nestes testes são avaliadas famílias, constituídas por meios-irmãos, irmãos completos ou por plantas obtidas por autofecundação. Desta forma busca-se detectar a existência de variabilidade genética ou a superioridade de famílias ou de seus indivíduos. Assim uma família pode apresentar média ligeiramente superior à da outra, sem que necessariamente essa superioridade seja devida a fatores genéticos. Estas comparações são realizadas com base em valores fenotípicos mensuráveis que devem refletir diferenças verdadeiramente genéticas. Nosso objetivo é comparar a herdabilidade de valores genotípicos de progênies de soja selecionadas através da seleção visual e as cultivares testemunhas utilizadas no ensaio, de modo a avaliar a eficiência da seleção visual. Este trabalho foi desenvolvido pelo Laboratório de Genética e Melhoramento de Plantas da UFV - CRP. O experimento foi instalado na estação experimental da COOPADAP em Rio Paranaíba – MG, no ano agrícola de 2014. Foram semeadas, entre 13 e 16/12/2013, 4.569 progênies F4:5 de soja derivadas de múltiplos cruzamentos, em fileiras de 3 x 0,50 m. Por não contar com repetições foram utilizadas quatro testemunhas intercaladas aleatoriamente no experimento para a quantificação da variância ambiental. Foram selecionadas pelo método visual 388 progênies. A seleção foi realizada entre os estádios R1 e R8, considerando-se a sanidade das plantas, quantidade de vagens e nós, arquitetura da planta, inserção da primeira vagem, maturação e acamamento. As progênies selecionadas foram colhidas individualmente e sua produção quantificada em kg.ha-1. O coeficiente de variação experimental obtido foi de 11,21%. As progênies selecionadas apresentaram média de produção de 2673,48 kg.ha-1 sendo superior à média das testemunhas, de 2329,67 kg.ha-1. O valor médio de maior magnitude confirma a eficiência do método de seleção visual para a triagem de genótipos de soja com maior produtividade. Os valores de herdabilidade observados para testemunhas e progênies foram de 98,76% e 11,92%, respectivamente. Desse modo, o baixo valor observado entre famílias indica que grande parte da variabilidade observada é oriunda de variações ambientais, realidade que prejudica a seleção visual, que deve ser realizada considerando as variações genéticas. O coeficiente de variação genético baixo (4,11%) entre progênies deve refletir a ausência de repetições neste tipo de ensaio, o que explica a pequena magnitude da herdabilidade. Demonstrou-se que o teste de progênies com seleção visual é um método que proporciona bons resultados, embora limitado em sua precisão. O teste deve ser realizado por pessoal treinado e em conjunto com ferramentas biométricas adequadas, de maneira que o progresso genético na sequência das avaliações em gerações mais avançadas não seja prejudicado. |