Resumo |
Compostos nitrogenados, como os nitratos, são nutrientes essenciais ao desenvolvimento de plantas e animais, mas, quando presentes em excesso nos corpos hídricos, tornam-se poluentes preocupantes. Esse acúmulo, originado principalmente de atividades humanas como agricultura e descarte de efluentes, leva à eutrofização, desequilíbrio ambiental que compromete a qualidade da água e pode causar doenças em humanos, como a metemoglobinemia. O fosfato, também essencial, apresenta comportamento similar quando em excesso, agravando o mesmo processo. Ferritas são materiais inorgânicos comumente magnéticos, que apresentam o óxido de ferro Fe₂O₃ como seu componente básico. Buscando soluções para mitigar esses problemas, este trabalho teve como objetivo sintetizar e caracterizar ferritas de cálcio, magnésio e zinco por três rotas: termodecomposição (TD), sol-gel (SG) e coprecipitação (CP), e investigar sua capacidade adsortiva. No método de termodecomposição (TD), utilizou-se a impregnação por via úmida, na qual os nitratos de ferro e do metal (Mg, Zn ou Ca) foram dissolvidos em água, e a mistura foi aquecida até completa secagem. Parte dos materiais obtidos foi então calcinada a 700 °C. No método sol-gel, os sais metálicos foram dissolvidos em água deionizada com ácido cítrico, mantendo-se a proporção molar de 1:2:2 entre metal:ferro:ácido cítrico. A solução foi aquecida a 50 °C e o pH ajustado para 7 com amônia. Após agitação a 100 °C por 2 horas, formou-se o complexo metal-citrato, que foi evaporado lentamente a 200 °C até se obter um gel viscoso, posteriormente calcinado a 500 °C. Já na coprecipitação, os sais foram dissolvidos em água sob aquecimento (80–90 °C) e precipitados com NaOH (3 mol/L), adicionada gota a gota até atingir pH 12–13. O sólido escuro formado foi filtrado a vácuo, lavado com água destilada, seco em estufa a 60 °C por 12 horas e, por fim, calcinado a 500 °C. As amostras produzidas foram caracterizadas por TG e DRX, identificando fases de hematita (Fe₂O₃) e ferritas metálicas XFe₂O₄ (X = Mg, Zn, Ca). Os testes de adsorção foram realizados à temperatura ambiente, utilizando 15 mL de solução de fosfato ou nitrato com 15 mg do material, com adição de um agente revelador, para o teste de fosfato, e adição de HCl para minimizar interferências para o teste de nitratos. As leituras foram feitas por espectrofotometria UV-Vis. Os testes com nitrato apresentaram baixa capacidade adsortiva e pouca reprodutibilidade, tornando os resultados inconclusivos. Diante disso, optamos por testar a adsorção de fosfato, onde a amostra Ca5SG apresentou a melhor capacidade de adsorção (37,5 mg/g). Concluímos que, embora a adsorção de nitrato ainda necessite de mais estudos, os materiais desenvolvidos demonstram potencial na remoção de fosfato, sendo promissores como adsorventes em sistemas de tratamento de águas contaminadas. |