Resumo |
Mesmo com tantos avanços pela igualdade de gênero, uma questão continua sem solução: por que as áreas de exatas e tecnologia, conhecidas como STEM, ainda são um campo tão masculino? Essa disparidade não é só um detalhe, mas uma barreira real para uma sociedade que se quer mais justa e criativa. É justamente neste sentido que esta pesquisa se desenvolve, concentrando-se na análise das percepções de alunas do ensino médio da Escola Serafim Ribeiro de Resende, de Florestal/MG, e investigando os fatores sociais e culturais que influenciam em suas futuras escolhas profissionais. O ponto de partida do estudo é claro: a dificuldade não reside na falta de talento, aptidão ou capacidade intelectual das jovens, mas se mostra mais profunda, relacionada a um conjunto complexo de obstáculos e influências socioculturais que, de forma sutil, influenciam as meninas desde a infância. A análise dos dados demonstra que o percurso dessas estudantes é dificultado por estereótipos de gênero socialmente reforçados, o que se manifesta nos brinquedos, nas expectativas da família, nos filmes e séries. Se uma menina não vê mulheres cientistas sendo celebradas, como ela pode se imaginar ocupando esse lugar? Essa falta de referências, tanto na história quanto hoje, acaba passando a mensagem enganosa de que aquele universo não é para elas. A pesquisa utilizou coleta de dados quantitativos por meio de questionários estruturados, que abordaram temas como influências familiares, percepções sobre carreiras nas áreas de exatas, estereótipos de gênero e obstáculos percebidos. E realizou coleta de dados qualitativos, buscando capturar perspectivas mais aprofundadas através de entrevistas em grupos focais. Os dados mostram que a ausência de mulheres em STEM não é uma série de escolhas individuais, mas o resultado de uma estrutura social que não as estimulas ou muitas vezes as excluí. A consequência dessa dinâmica é uma perda coletiva, pois a sociedade deixa de contar com talentos valiosos e limita seu potencial de criatividade e inovação. Entender de verdade esses fatores não é apenas um trabalho acadêmico, é fundamental para orientar a criação de políticas públicas e práticas pedagógicas que garantam às mulheres o direito de entrar e se destacar na ciência. |