Resumo |
O imaginário popular e a mídia frequentemente distorcem a imagem de animais como anuros e tubarões, alimentando medos infundados. Filmes como Tubarão (1975), de Spielberg, exemplificam essa caricatura exagerada, reforçando preconceitos. Da mesma forma, mitos populares associam sapos a doenças, normalizando comportamentos prejudiciais, como maus-tratos e pesca predatória. Iniciativas de ciência cidadã buscam desmistificar essas ideias, mas muitas falham em alcançar um público essencial: estudantes neurodivergentes. Esses jovens, frequentemente marginalizados no ambiente escolar, exigem abordagens pedagógicas inclusivas, que respeitem suas particularidades e promovam sua participação ativa. Com esse objetivo, este trabalho visou desconstruir o medo infundado de sapos e tubarões entre alunos da educação especial. A pesquisa foi realizada com estudantes neurodivergentes do 6º e 8º ano de uma escola estadual em Florestal-MG. Como muitos não dominavam a escrita, a dinâmica foi conduzida oralmente, explorando suas percepções iniciais. No início, as respostas revelaram aversão e temor: "Sapos trazem doenças", "Tubarões comem gente", "Sapos soltam um leite que cega", "Tubarões são cegos". Em seguida, apresentamos mitos populares e incentivamos os alunos a relacioná-los ao preconceito contra esses animais. Utilizando recursos audiovisuais, confrontamos essas crenças com informações biológicas. Explicamos que as características dos sapos não oferecem perigo e orientamos como agir ao encontrá-los. No caso dos tubarões, destacamos a diversidade do grupo, apresentando espécies como o inofensivo tubarão-baleia (Rhincodon typus) e o raro tubarão-lanterna-anão (Etmopterus perryi), contrastando com a imagem agressiva do tubarão-branco (Carcharodon carcharias). Ao final, a maioria dos alunos demonstrou uma visão mais positiva, reconhecendo a importância ecológica desses animais. Concluímos que abordagens inclusivas são essenciais para transformar percepções sobre espécies estigmatizadas. Atividades adaptadas, como esta, mostram que é possível desconstruir mitos e promover uma compreensão empática e científica. A experiência reforça a necessidade de práticas pedagógicas que valorizem a diversidade, criando um ambiente de aprendizado verdadeiramente acolhedor e transformador. |