Resumo |
A cafeicultura é uma das atividades agrícolas de maior relevância econômica e social no Brasil, com ampla distribuição geográfica em diversas regiões produtoras. Para garantir a sustentabilidade da produção cafeeira, é essencial conservar a saúde do solo que envolve o equilíbrio entre os fatores químicos, físicos e biológicos. Nesse contexto, a matéria orgânica e a atividade microbiana desempenham papéis centrais, contribuindo para a ciclagem de nutrientes, a estruturação do solo, a supressão de patógenos e a resiliência das plantas aos estresses ambientais. A respiração microbiana, expressa pela liberação de C-CO₂, é um um indicador útil para avaliar a atividade da biomassa microbiana no solo e entender como diferentes práticas de manejo influenciam a dinâmica do carbono e a fertilidade do solo ao longo do tempo. Diante disso, o presente estudo teve como objetivo avaliar a respiração microbiana do solo em duas lavouras de café com diferentes históricos de manejo, pela evolução do C-CO₂. O experimento foi conduzido em uma fazenda cafeeira no município de Patrocínio-MG. Foram selecionadas dois talhões: o primeiro talhão (Área 1), com 39 anos de cultivo, com aplicação de adubação química, mas que passou a receber adubação organomineral nos últimos quatro anos; e o segundo talhão (Área 2), com quatro anos de cultivo de café, implantada em uma área que anteriormente também era cultivada com cafeeiros. Essa área jovem recebe adubação organomineral e manejo das entrelinhas com plantas de cobertura. As coletas de solo foram realizadas em cinco pontos por área, nas profundidades de 0–10 cm, 10–20 cm e 20–30 cm. A análise da respiração microbiana foi feita utilizando a técnica do C mineralizável, pelo método estático descrito por Mendonça e Matos (2005), adaptado de Curl & Rodriguez-Kabana (1972) e Stotzky (1965), que consiste na incubação do solo em sistema fechado e posterior quantificação do C-CO₂ liberado. Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) seguida do teste de tukey a 5% de probabilidade para a comparação das médias entre áreas em cada profundidade e entre profundidades em cada área. No entanto, não houve diferença estatística significativa entre as áreas ou profundidades analisadas. A Área 1 apresentou maior estabilidade no acúmulo de matéria orgânica ao longo do tempo. Já a Área 2, apesar do uso de plantas de cobertura e do maior aporte de resíduos vegetais, ainda se encontra em fase inicial de acúmulo de carbono microbiano, o que pode explicar a ausência de aumento significativo na respiração microbiana. A falta de diferença entre as áreas sugere que o histórico mais longo da lavoura antiga pode ter equilibrado os efeitos positivos do manejo recente com adubação organomineral e plantas de cobertura na lavoura jovem. Assim, os resultados reforçam a importância de estudos de longo prazo para compreender os impactos cumulativos das práticas de manejo sobre a atividade biológica do solo em cafezais. |