Resumo |
A adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis, como os Sistemas Agroflorestais (SAFs), tem sido cada vez mais reconhecida como uma estratégia promissora para a recuperação da qualidade do solo e aumento da matéria orgânica. Com o intuito de avaliar o comportamento do carbono orgânico em diferentes frações de agregados em solo sob SAF implantado na Universidade Federal de Viçosa (UFV), foi conduzido um experimento onde se buscou quantificar o Carbono Orgânico Total (COT) presente no interior dos agregados, como forma de analisar o potencial de sequestro de carbono e a estabilidade estrutural do solo sob este sistema. Para tal, foram realizadas coletas de solo em três profundidades (0–10, 10–20 e 20–30 cm), analisando-se separadamente os estoques de carbono em três classes de agregados: >2 mm (macroagregados), entre 250 e 53 µm (microagregados) e <250 µm (fração fina), posteriormente submetidas à análise de estabilidade de agregados pelo método de Elliott (1986) e determinação de carbono orgânico pelo método de Yeomans e Bremner (1988). Os resultados demonstraram que, nas camadas superficiais e profundas, tratando-se da fração referente aos macroagregados, a área de testemunha apresentou maiores mais elevados de carbono em agregados, indicando uma possível maior presença de resíduos orgânicos ainda não decompostos. Em contrapartida, na camada intermediária (10–20 cm), o SAF apresentou cerca de 66,7% mais carbono em agregados > 2000 μm em relação à testemunha. Esse resultado indica um avanço na estruturação, bem como de um aumento da estabilidade física, atribuído à contínua entrada de matéria orgânica pelas raízes e espécies do SAF. A estabilidade física observada nessa profundidade sugere uma dinâmica positiva de agregação ao longo do perfil do solo. Portanto, mesmo que o SAF ainda não tenha promovido um acúmulo expressivo de carbono em todas suas frações e profundidades, devido ao fato de sua implantação ser recente, apresentando um menor aporte de resíduos, os indícios de melhora na fração estrutural comprovam seu potencial regenerativo e contribuem para a resiliência e conservação do solo a longo prazo. Os resultados reforçam a relevância dos sistemas agroflorestais como ferramenta estratégica para promover estabilidade física, sequestro de carbono e sustentabilidade no manejo agrícola. |