Resumo |
A suinocultura é uma atividade de grande importância para atender as necessidades nutricionais da população mundial, contudo, a atividade enfrenta um sério desafio em decorrência da grande quantidade de dejetos gerados diariamente, que precisam ser descartados corretamente para não contaminarem o meio ambiente. Uma das formas encontradas para o descarte desses dejetos é a sua utilização como biofertilizante, uma vez que os dejetos suínos (DS) são ricos em nutrientes e possuem potencial de aumentar o teor de carbono no solo. Logo, o objetivo deste trabalho é determinar o estoque de carbono no solo de áreas agrícolas que receberam aplicação de DS por pelo menos 5 anos na região central de Minas Gerais. As amostras de solo foram coletadas nas cidades de São José da Varginha (SJV), Florestal (FL) e Pará de Minas (PM), em uma área agrícola com a aplicação de dejetos suínos e em uma área de mata adjacente. A amostragem foi feita em cronossequência em um esquema de grade 3x3, sendo realizada até a profundidade de 1 metro nas seguintes camadas: 0-10, 10-20, 20-30, 30-50, 50-70, 70-100 cm. A determinação do teor de carbono orgânico (COT) foi realizada pela metodologia proposta por Yeomans & Bremner (1988), e o estoque de carbono foi calculado através da equação ∑(COS×D×E), sendo COT: teor de carbono orgânico total; D: Densidade do solo; E: espessura da camada. Os resultados foram submetidos à análise de variância, e as médias foram comparadas pelo teste de Scott-Knott, com nível de significância de 5%. Na cidade de Fl, com exceção da camada 0-10 e 70-100 cm, não foram observadas diferenças estatísticas entre as áreas, sendo que nessas duas camadas os maiores valores foram observados para a área com aplicação de DS. Para a cidade de PM com exceção da camada 50-70 cm não ocorrerão diferenças estatísticas entre as áreas, para tal camada uma possível explicação para que a área com DS apresentasse um maior estoque de carbono, é que na área sem DS a camada 50-70 cm era composta predominantemente por uma camada rochosa que apresenta menor teor de carbono. Para essas duas cidades, a ausência de diferenças entre as áreas com e sem a aplicação de DS pode ser explicada pelo baixo teor de matéria seca nos DS. Já na cidade de SJV a área com DS apresentou maiores estoques de C para todas as camadas analisadas, com exceção da camada 0-10 cm. Nessa área, tal aumento pode ser explicado pela aplicação desses DS de forma prolongada em um único local, que contribuiu para o incremento do estoque de carbono no solo em comparação à área de mata e também em profundidade. Podemos concluir que a aplicação de DS como biofertilizante em áreas agrícolas contribuiu muito pouco para o incremento do estoque de carbono nas cidades de FL e PM, enquanto que na cidade de SJV em virtude do modo de aplicação e da composição desses dejetos a utilização de DS como biofertilizante contribuiu para o incremento do estoque de carbono no solo. |