Resumo |
O saneamento básico rural no Brasil apresenta graves deficiências, com cerca de 23 milhões de pessoas sem acesso adequado aos serviços de água e esgoto (75% da população rural). Neste contexto, o presente estudo analisou as condições do serviço de abastecimento de água no distrito rural urbanizado da Gameleira, no município de Florestal em Minas Gerais, utilizando um questionário estruturado aplicado a 81 residências (45,25% das 179 edificações), com uma abordagem quali-quantitativa Os dados foram coletados entre abril e julho de 2023, tabulados por meio planilhas eletrônicas e analisados por estatística descritiva (frequências e porcentagens), bem como por meio da técnica da análise de conteúdo, a fim de possibilitar a interpretação crítica dos resultados. Verificou-se a existência de uma infraestrutura precária, sem tratamento simplificado, composta por dois poços artesianos e quatro reservatórios de água (com capacidades de 10.000L e 20.000L) para atender a uma demanda de 315 habitantes, os quais atendem à comunidade sem a realização de procedimentos de desinfecção e fluoretação. A rede de distribuição, composta por tubos de PVC de diâmetros inadequados, apresenta vazamentos frequentes, sendo que 64,20% dos entrevistados relatando interrupções no abastecimento. Como alternativa de abastecimento, 19,75% dos domicílios utilizam poços semiartesianos ou nascentes. Quanto a adoção do tratamento adicional para a água, 48,15% informaram que usam filtros de barro, 9,88% filtros de torneira e 6,17% purificadores, enquanto 35,80% não aplicam nenhum método. Destaca-se que não ocorre a desinfecção da água de abastecimento, sendo esta negligenciada por 91,36% dos moradores. No que tange à disposição de pagamento de tarifas do serviço de abastecimento de água, 70,37% aceitariam pagar por uma prestação de qualidade, enquanto 29,63% rejeitam a ideia. Em termos de consumo de água, observa-se que este é pouco monitorado, uma vez que 74,07% dos participantes não possuem estimativa do volume utilizado, o que evidencia a ausência de conscientização dos moradores quanto ao uso racional desse recurso. Os resultados evidenciam os desafios do saneamento rural brasileiro, com riscos sanitários decorrentes da falta de tratamento da água e manutenção da rede, exigindo investimentos em políticas públicas, infraestrutura e educação sobre o consumo racional para garantir o direito humano à água de qualidade. |