Resumo |
A determinação das características físico-químicas de um novo produto é importante para a avaliação da sua qualidade e segurança para consumo a fim de determinar a sua vida de prateleira. O desenvolvimento do processo produtivo do mel cremoso, considerando aspectos como a composição do mel, o método de produção, as condições operacionais e de armazenamento, influencia o tamanho dos cristais formados no mel cremoso e, logo, suas características físico-químicas e vida de prateleira. Desse modo, objetivou-se determinar a vida de prateleira do mel cremoso produzido em batedeira doméstica por meio de análises físico-químicas. O mel cremoso foi produzido pela metodologia Dyce (1975), com adaptações, e armazenado em incubadora BOD a 20 °C. As análises físico-químicas (atividade diastásica e de água, pH, acidez livre e teores de água, açúcares redutores e totais, sacarose aparente, sólidos solúveis, e hidroximetilfurfural) foram realizadas, mensalmente, por 11 meses, segundo metodologias do Instituto Adolfo Lutz (2008) e comparadas com os parâmetros físico-químicos de qualidade do mel estabelecidos pela IN Nº 11 (BRAIL, 2000) para a determinação da sua vida de prateleira. Análises de variância e de regressão linear foram realizadas com α de 5%. As atividades diastásica (20,5>8°Goether) e de água (0,610) e os teores de água (18,4%<20%), açúcar redutor (73,5>65%), açúcar total (75,9%), sacarose aparente (2,22%<6%) e sólidos solúveis (80,1°B) não variaram (P<0,05) ao longo do tempo de armazenamento. O teor de hidroximetilfurfural aumentou linearmente (P<0,05) de 13,30±0,55 até 22,45±1,55 mg/kg (<60mg/kg) e o pH aumentou linearmente (P<0,05) de 4,38±0,04 até 4,78±0,04 (<5,5), enquanto a acidez livre reduziu linearmente (P<0,05) de 35,52±0,67 a 26,11±0,01 mil meq/kg (<50 mil meq/kg) durante os 11 meses de armazenamento. Desse modo, todos os parâmetros estabelecidos pela legislação brasileira foram atendidos pelo mel cremoso produzido em batedeira e armazenado a 20 °C por 11 meses e, assim, sua vida de prateleira deve ser superior a esse tempo avaliado. Esse resultado é melhor que aqueles obtidos na literatura, que relatam vida de prateleira inferiores, e.g., apenas 6 meses para méis cremosos com teor de água superior a 17,5% (GONNET, 1977). Méis com teor de água superior a 18% armazenados na faixa de temperatura de 11 a 21 °C são mais prováveis a induzir a fermentação, reduzindo sua vida de prateleira. A pasteurização do mel pode ser utilizada para a prevenção deste fenômeno em méis com teor de água superior a 17% (DYCE, 1975). A cristalização também pode afetar a qualidade do mel, pois pode proporcionar a separação de fases e a parte líquida ter maior atividade de água, o que pode permitir o desenvolvimento de leveduras e eventual fermentação. Portanto, o mel cremoso produzido em batedeira doméstica possui qualidade e segurança físico-química para consumo por uma vida de prateleira de, no mínimo, 11 meses armazenado à temperatura de 20 °C. |