Resumo |
A fenologia vegetal é diretamente modulada por fatores ambientais como temperatura, umidade e precipitação, sendo particularmente sensível em ambientes com condições ambientais extremas, como os campos rupestres. Este estudo teve como objetivo analisar a fenologia, os aspectos germinativos e o crescimento inicial de Vellozia tubiflora, em um campo rupestre localizado dentro do campus da UFV Florestal. Foram acompanhados 25 indivíduos entre outubro/2024 e julho/2025, com registros semanais de frutificação, senescência foliar e dados climáticos. Os frutos maduros foram coletados para o experimento de germinação e crescimento inicial. A frutificação teve início no final de novembro de 2024, com amadurecimento gradual dos frutos até o final de janeiro/2025, e deiscência natural em fevereiro/2025. A fenologia vegetativa revelou mudanças na coloração foliar a partir de abril/2025, com as folhas apresentando tons azulados e esbranquiçados, culminando em queda foliar em alguns indivíduos em julho/2025, coincidindo com o período seco. Um evento de chuva em junho resultou em mudança da coloração das folhas para verde em alguns indivíduos, indicando resposta direta à umidade e forte influência da precipitação na recuperação vegetativa da espécie. Os dados climáticos indicaram estabilidade na umidade relativa ao longo do período, enquanto a temperatura média sofreu queda a partir de junho, coincidindo com a intensificação da senescência foliar. As sementes coletadas foram colocadas para germinar em câmara B.O.D. (30 °C, fotoperíodo de 12 horas), com aproximadamente 5.000 sementes distribuídas em 50 placas, sendo que a taxa de germinação foi de 96 %. As plântulas oriundas do experimento de germinação foram transplantadas para vasos com solo da área de ocorrência natural da espécie e alocadas em três regimes de temperatura: ambiente, +2,7 °C e +4,4 °C. A partir de junho/2025, foram iniciadas medições semanais de altura, número de folhas e diâmetro do caule. Plantas sob +2,7 °C e +4,4 °C apresentaram maior número de folhas (p<0,05) e maior diâmetro do caule(p<0,05), sendo que o crescimento em altura foi significativamente superior apenas no tratamento +4,4 °C (p<0,05). Houve um aumento significativo do diâmetro do caule ao longo do tempo (p<0,05), indicando efeito da temperatura ao longo das semanas. Conclui-se que V. tubiflora responde de forma plástica às variações térmicas e hídricas, tanto em ambiente natural quanto controlado e que temperaturas elevadas (2,7 a 4,4 °C) favorecem significativamente seu desenvolvimento inicial. Esses resultados reforçam a relevância em se considerar as interações entre o crescimento de plantas e as variações climáticas no entendimento das respostas das plantas devido à mudanças climáticas globais. |