Resumo |
A polinização é um serviço ecossistêmico essencial à manutenção da biodiversidade e à segurança alimentar, com cerca de 87,5% das plantas com flores dependendo da ação de polinizadores. Entre esses, as abelhas desempenham papel central, porém vêm sofrendo declínio populacional devido a fatores como uso de agrotóxicos, perda de habitat e mudanças climáticas. Nesse contexto, a ciência cidadã tem emergido como ferramenta promissora para o monitoramento da biodiversidade, permitindo que cidadãos contribuam com dados relevantes para o avanço do conhecimento científico. Este trabalho teve como objetivo comparar registros de abelhas obtidos por meio da plataforma iNaturalist, oriundos de projetos de ciência cidadã em Minas Gerais, com dados sistemáticos da plataforma SpeciesLink, a fim de avaliar a representatividade e as limitações dessa metodologia alternativa. Para tanto, foram utilizados filtros taxonômicos e geográficos em ambas as plataformas, coletando dados sobre as subfamílias Apinae, Colletinae, Megachilinae, Halictinae e Andreninae. A análise foi realizada no software Jamovi, considerando a frequência e diversidade taxonômica em nível de gênero e espécie. Os resultados apontaram que a subfamília Apinae foi a mais representada em ambas as bases, reforçando sua predominância na família de abelhas. Contudo, observou-se uma maior riqueza taxonômica no SpeciesLink, possivelmente devido ao rigor científico dos registros. Por outro lado, o iNaturalist apresentou maior volume de observações, embora com variações na precisão da identificação e na representatividade de espécies menos conhecidas. Na plataforma de ciência cidadã, observa-se uma maior representativa de abelhas mais comuns, indicando que pode haver um viés de representação em registros de ciência cidadã, com observações de indivíduos mais facilmente reconhecidos como abelhas por não-especialistas. A comparação entre as plataformas revelou que a ciência cidadã pode complementar os levantamentos tradicionais, ampliando a base de dados disponíveis para a conservação, desde que sejam adotadas estratégias de capacitação dos participantes. Conclui-se que o uso de plataformas colaborativas é válido para ampliar o conhecimento sobre a diversidade de abelhas, mas deve ser acompanhado de ações educativas e metodológicas que garantam a qualidade dos dados e a efetividade na formulação de políticas públicas voltadas à conservação dos polinizadores. |