Resumo |
A perda de solo devido à eventos pluviais é o principal fator para desencadear processos hídricos degradativos, ocasionando impactos socioambientais alarmantes, sendo que os proprietários rurais tornam-se mais vulneráveis ao êxodo rural com a erosão hídrica. O atual estudo objetivou simular a dinâmica do processo natural de revegetação com a introdução de espécies nativas e cultivar a leguminosa Cratylia argentea em erosão do tipo voçoroca, para monitorar e registrar a evolução dos processos ecológicos locais. E depois, a extensão universitária dos conhecimentos sobre o desenvolvimento da Cratylia em solo degradado e a eventual contenção da voçoroca com práticas vegetativas. A voçoroca identificada durante um dia de campo do grupo de trabalho de Solos da UFV-Florestal foi na propriedade rural no município, contendo aproximadamente 50 metros de extensão. Estudantes da UFV-Florestal, junto ao proprietário, moveram ações coletivas e articularam possíveis intervenções no local. O plantio de espécies nativas partiu de uma instituição privada, objetivando melhorar as condições pedológicas do solo e contenção dos sedimentos provenientes de erosões hídricas. A C. argentea foi escolhida devido a rusticidade, fixação biológica de nitrogênio, desenvolvimento em solos ácidos e com baixa fertilidade e sua alta produção de biomassa, recondicionando o solo. As estratégias dividiram-se em três etapas. 1) Aclimatação para rustificação das mudas, 2) Plantio nas bordas da voçoroca e 3) Monitoramento. Considerando que o local já estava cercado, a primeira etapa foi realizada na UFV - CAF, preparando e aclimatando as mudas. Foi realizado o plantio de 50 mudas enumeradas nas bordas da voçoroca, a fim de proporcionar melhorias a jusante como, na estrutura e fertilidade do solo, na contenção de sedimentos de processos erosivos causados por forças ativas, e garantir melhor infiltração e dispersão da água da chuva. A adubação utilizada foi de aproximadamente 125 g de calcário e 50 g de superfosfato simples por berço. O monitoramento foi realizado utilizando os variáveis: altura da planta, diâmetro do caule e número de folhas. Observou-se a variação de crescimento das espécies, entre 30 cm a 40 cm por mês, durante o período de monitoramento. O crescimento em diâmetro, em média, foi de 0,4 cm por planta. E o número de folhas variou entre 8 a 15 folhas por planta. Os resultados obtidos revelaram um significativo desenvolvimento da espécie C. argentea em solo degradado, promovendo a reconstituição da resiliência da paisagem, sendo uma alternativa para aplicações em recuperação de ecossistemas alterados ou degradados. Entretanto, melhor do que buscar formas de conter uma voçoroca é adotar medidas que previnam sua formação. Todas essas reflexões foram partilhadas na pesquisa participativa, na presente extensão universitária e, assim, como consideração final ressalta-se a importância da troca de saberes entre academia e agricultores para a solução de situações problema. |