Resumo |
Minas Gerais é um estado com grande atividade da indústria de mineração. O recente rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, afetou a qualidade de água do Rio Paraopeba. A qualidade da água tem forte impacto sobre a economia e a saúde humana. Neste sentido, a qualidade da água bruta visando seu uso para o abastecimento público e demais atividades é avaliada conforme parâmetros e padrões estabelecidos pela Resolução 357, de 2005, do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA). Dessa forma, o presente trabalho pretendeu monitorar em três campanhas as águas do rio no trecho pertencente ao município de Florestal em Minas Gerais, e posteriormente, comparando com a legislação vigente, utilizando parâmetros como série sólidos, pH, nitrogênio, fósforo, temperatura, turbidez e oxigênio dissolvido. De uma maneira geral, os dados obtidos a partir dos ensaios realizados refletem um atendimento a legislação vigente. Contudo, tanto pH quanto turbidez, na primeira campanha, estavam em não conformidade com a CONAMA 357/05 (com respectivos valores de pH = 5,41 e 132 NTU). Segundo a resolução, os limites eram pH de 6,00 a 9,00 e turbidez menor que 100 NTU. Assim, foi percebido que alguns parâmetros, em campanhas específicas, apresentaram alterações quando comparados à legislação que classifica águas do leito de um rio. Foram estes parâmetros o pH, turbidez, nitrogênio total Kjeldahl (NTK) e fósforo. Valores altos de turbidez podem indicar impacto da qualidade da água em função do rompimento da barragem de rejeitos de mineração. A quantidade de partículas em suspensão (que também pode ser percebido pelos índices de resíduos sólidos totais elevados, contudo, dentro das especificações) fizeram com que os níveis de turbidez atingissem valores muito altos, como já podia-se esperar do Rio Paraopeba pós rompimento de barragem. Sólidos totais apresentou resultados inferiores aos estabelecido para sólidos totais dissolvidos (até 500 mg/L). Pode-se pensar que a diminuição da quantidade de sólidos deve ao curso natural do rio, que pode ter carreado algumas partículas, assim como parte pode ter decantado no leito, podendo retornar à suspensão mediante a futuras alterações sazonais (cheias, temperatura/fluxos de convecção). Já no caso do NTK e fósforo, é possível também que tenha alguma relação, mas importante considerar que o método utilizado não diferencia o nitrogênio do rompimento do nitrogênio da atividade agropecuária da comunidade ribeirinha, que por sua vez podem utilizar fertilizante a base de nitrogênio e fósforo. Assim, outros monitoramentos com mais campanhas e parâmetros são necessários, uma vez que podem fornecer mais detalhes de possíveis impactos do rompimento, considerando que estes primeiros ensaios deram indicativos do que pode estar acontecendo no trecho analisado. |