Resumo |
Atualmente, diversas tecnologias são utilizadas na melhoria da produtividade das lavouras de café para minimização de situações de estresse, mesmo carecendo de embasamento científico. Um exemplo é a pulverização das plantas com solução de sacarose. Objetivou-se, portanto, avaliar as respostas ecofisiológicas de plantas de café, submetidas ou não ao deficit hídrico, à pulverização foliar com diferentes doses de sacarose. Mudas de café foram transplantadas para vasos contendo 12 L de substrato e irrigadas em casa de vegetação até 8 meses de idade, quando os tratamentos foram aplicados. O experimento foi realizado no delineamento em blocos casualizados, com 12 tratamentos, em esquema fatorial (2X6), com cinco repetições. Testaram-se dois regimes hídricos (sem deficit e com deficit) e seis doses de sacarose: 0, 1, 2, 4, 8 e 16%. Foram realizados dois ciclos de desidratação e aplicação de sacarose: no primeiro, a sacarose foi aplicada em plantas sob deficit; no segundo, antes do deficit. Avaliações de trocas gasosas, fluorescência da clorofila a e do teor relativo de água (TRA) foram realizadas de manhã e à tarde, em diversos momentos dos ciclos. Encerrou-se o experimento aos 256 dias após o transplantio, medindo-se o crescimento do cafeeiro. Em ambos os ciclos não houve interação significativa entre os fatores estudados, nem efeito da sacarose isoladamente sobre o TRA. No 1º ciclo, entretanto, após quatro dias de suspensão da irrigação, as plantas sob deficit apresentaram TRA de 74,40%, e as plantas-controle, 94,42%, pela manhã. No segundo ciclo, o TRA foi de 73,12% e 71,32 % sob deficit severo e de 91,76% e 86,43% nas plantas-controle, no primeiro e segundo horário de medição, respectivamente. Após a reidratação, em ambos os ciclos, o TRA nas plantas sob deficit retornou a valores elevados, não diferindo das plantas controle. No 1º ciclo, tanto durante a exposição ao deficit severo quanto no dia seguinte à reidratação, em ambos os períodos de avaliação, houve redução em A, gs, E e A/E, e de qP, FIPSII e ETR nas plantas sob deficit, sem qualquer efeito das doses de sacarose. Dois dias após a reidratação, as plantas recuperaram suas funções fisiológicas, não havendo diferença entre os tratamentos. No 2º ciclo, aos 5 dias após a suspensão da irrigação, verificaram-se reduções de 62%, 59% e 56% em gs, A e E, respectivamente, no período da manhã e de 72%, 99% e 71% no período da tarde, paralelamente à redução significativa em qP, PSII e ETR nas plantas sob déficit, em comparação ao controle, independentemente das doses de sacarose. No segundo ciclo, independentemente do regime hídrico, verificou-se aumento linear da relação Ci/Ca e redução da A/E com o aumento da dose de sacarose, porém sem qualquer efeito da sacarose isoladamente sobre as demais variáveis de trocas gasosas e fluorescência. Concluiu-se que a sacarose aplicada antes ou durante a exposição ao deficit hídrico pouco ou nada afetou o status hídrico e o desempenho fotossintético do cafeeiro. |