Fome e Abundância: Um Paradoxo Brasileiro?

17 a 22 de outubro de 2016

Trabalho 7146

ISSN 2237-9045
Instituição Universidade Federal de Viçosa
Nível Graduação
Modalidade Pesquisa
Área de conhecimento Ciências Humanas e Sociais
Área temática Cidadania, inclusão social e direitos humanos
Setor Instituto de Ciências Humanas e Sociais
Bolsa CNPq
Conclusão de bolsa Sim
Apoio financeiro CNPq
Primeiro autor Leonardo Dias Crozeta
Orientador ALEXANDRE SANTOS PINHEIRO
Título Retratos do Lixo: Um Estudo Etnográfico para Análises Sobre Relações de Poder em Uuma Associação de Triadores de Lixo
Resumo É inegável o imaginário social em relação ao lixo, implicado por representações sociais no sentido de estigmatização social, que colocaria o sujeito trabalhador às margens do meio social. Por meio de uma abordagem etnográfica e fotoetnográfica na Associação de Tratadores de Lixo de Florestal/MG, esta pesquisa buscou respostas à questões no sentido de: que forças, implicariam sujeitos a erguerem seu cotidiano em torno de um símbolo socialmente escuso, tal como o lixo? Como o sujeito compreende a si mesmo, enquanto ser social e sujeito individual, como habitante de um cotidiano – no caso o do lixo – socialmente estigmatizado e, pois, posto à margem dos parâmetros sociais?
Buscamos investigar construções de visões de mundo, usos de espaços, trajetórias sociais, práticas cotidianas, estratégias, táticas e experiências que realizam os sujeitos e os posicionam enquanto sujeito no mundo. Descrevemos através da metodologia adotada, o processo de tratamento do lixo, da chegada até a destinação final, passando pelo ensacamento, separação do lixo seco do úmido, a banca de trabalho, as funções desempenhadas pelos tratadores, a relação entre os sujeitos da associação como os acontecimentos não relacionados ao cotidiano de trabalho, como o alcoolismo, e as relações fora da Associação.
Dentro das análises feitas, capturamos argumentos utilizados para justificar o trabalho nesse ambiente marginalizado, como a falta de oportunidade de emprego (reclamavam que a cidade não ofertava outras formas de trabalho), o pouco estudo e até mesmo os problemas sociais, tal quais o alcoolismo e o vício em drogas, e o trabalho com o lixo como empecilho para conseguirem melhores oportunidades. A limpeza da cidade constituía uma super importância na construção do imaginário, relacionado com a função social que elas desempenham, usando o argumento de que se não fossem elas, a cidade não seria bonita. A limpeza do ambiente de trabalho tinha importância fundamental dentro do cotidiano estudado, todos os dias, antes do fechamento da associação o pátio era varrido. Conseguir tratar todo o lixo e limpar o ambiente de trabalho (deixar a banca vazia) permitia o simbolismo de “vencer a vida”, fazendo da limpeza um totem da vitória. A falta de rigidez, posições hierárquicas e desempenho eram justificativas para continuar na organização, existindo uma dissonância entre produtividade e flexibilidade.
Mesmo havendo argumentos significativos da construção do imaginário ligando “futuro melhor” a uma estrutura melhor, o significado estava muito mais profundo do que isso, tratava-se de manter uma realidade em que o eu se refugiava dos processos de marginalização e estigmatização. Por meio do imaginário, o “eu” de cada uma das associadas recriava os objetos da realidade, transformando-os em elementos carregados de significados necessários para a realidade subjetivamente demandada. Daí habitavam uma realidade minimamente habitável, que significava ser pelo menos alguém do que se desejava ser.
Palavras-chave Etnografia, Cotidiano, Imaginário
Forma de apresentação..... Painel, Oral
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