Resumo |
A agropecuária é um pilar fundamental na economia brasileira. Contudo, a despeito dos avanços recentes na produtividade, observa-se a crescente necessidade de inclusão de novos insumos, mais sustentáveis, ao processo produtivo. Uma das formas de obtê-los é por meio da reciclagem de materiais orgânicos. Dentre esses materiais estão os resíduos sólidos úmidos (terra diatomácea, restos de alimentos, de poda e capina, lodo de esgoto, etc.), os quais formam a hipótese principal deste trabalho, que é a possibilidade de desenvolvimento de um novo fertilizante, com bases mais sustentáveis. Objetivou-se estudar a produtividade, em condições de campo, de grama batatais, Paspalum notatum, em função da aplicação de doses crescentes de um fertilizante orgânico (Fertiliza®), comparando-o com a aplicação convencional de NPK, visando à calibração da dose recomendável. O experimento foi conduzido no período de setembro de 2015 a janeiro de 2016, em gramado estabelecido na área de propriedade da Roda D’água Ltda, localizada a BR 262, Km 379, Boa Vista, Juatuba, MG e no Laboratório de Solos da UFV/Florestal, utilizando como referência a massa de matéria seca e concentração de NPK da parte aérea. Os fatores em estudo foram o Fertiliza® com seis níveis (0, 25, 50, 100, 200 e 400% da dose recomendável pelo fabricante, 3 L/m2) e o fertilizante convencional NPK 10-10-10, aplicado na quantidade indicada pelo Manual de Recomendação de Corretivos e Fertilizantes para o Estado de Minas Gerais, de 30 g/m2, gerando o fatorial 6+1. O experimento foi esquematizado em delineamento em blocos casualizados com quatro repetições, totalizando 28 unidades experimentais. A unidade experimental constituiu-se de uma parcela total com área de 6,25 m2 (2,5 x 2,5 m), onde os 4 m2 (2 x 2 m) centrais foram a parcela útil. Para a implantação do experimento, o gramado foi cortado a uma altura de 3,0 cm e cada unidade experimental recebeu a aplicação dos tratamentos descritos. Foram obtidos dados acumulados de quatro coletas, a partir de medições a cada três semanas, de outubro de 2015 a janeiro de 2016, das variáveis: biomassa fresca e seca da parte aérea das plantas. Na matéria seca foram determinados os teores de N, P e K. Foi realizada análise de variância dos dados, sendo que os dados qualitativos foram desdobrados em contrastes e os quantitativos em análise de regressão. Os resultados mostraram efeito positivo do Fertiliza®, superior à fertilização NPK. A melhor dose do Fertiliza® foi 200 % da dose recomendada pelo fabricante (6 L/m2), a qual resultou na produtividade de biomassa seca de 456 g/m2, com 266,6 e 302,4% superior ao controle e ao NPK, respectivamente. Os teores de N, P e K foram incrementados pelas doses de Fertiliza® em 18,11; 14,99 e 68,42% em relação ao controle e em 17,74; 7,25 e 60% sobre o NPK. Os resultados permitem concluir que o Fertiliza® pode ser usado de forma alternativa à formulação NPK 10-10-10, com menor impacto aos recursos naturais não renováveis. |